sábado, julho 24, 2010


A igreja em crise
Por Valter Baptistoni*
O medo da morte, o desespero da vida nos aproxima da religião como forma de encontrarmos Deus, o criador de todas as coisas. A angústia de viver, ou seja: as doenças, emoções, incertezas são o que movem a religiosidade. Toda manifestação humana responde ao momento em que se vive e o nosso comportamento então valoriza a prática religiosa e ele é mais intenso nos momentos de crises existenciais.
Nós muitas vezes nos prendemos a religiosidade e nos esquecemos do objetivo: a comunhão com o Criador do universo. Hoje temos razões para negarmos sermos chamados de evangélicos diante de tantos escândalos nas igrejas, vivemos na nossa geração uma crise institucional como nunca antes.
O homem é o único animal que traí a sua própria espécie, isto ocorre porque ele não se vê como tal. Líderes religiosos hoje procuram satisfazer o público através da magia, do encantamento e então ser ¨ evangélico ¨ começa a ser caracterizado como algo vergonhoso, negamos a religiosidade nesta salada de doutrinas e de poder institucional para aceitarmos sermos chamados de cristãos, os verdadeiros seguidores de Cristo.
Mas onde a igreja instituição erra? Ela erra quando trata seus membros como clientes, quando visa lucros e é muito fácil de se perceber isto, é só você observar como são tratadas as pessoas, valoriza-se mais quem dizima mais. Estes erros já cometeram no passado enquanto instituição e parece que insistimos nele, igreja virou há muito sinônimo de lucro. Nas preleções é fácil também de se identificar este fenômeno: os exemplos estão sempre associados a coisas de consumo, à prosperidade financeira do tipo ¨ eu tinha isto e agora tenho aquilo...¨
Não precisamos de templos luxuosos e cheios de gente com as mentes e os corações vazios, precisamos de pessoas se relacionando com pessoas, num mesmo nível de diálogo sem constrangimentos, sem indiferenças. Nada de magia, chega de encantamentos.
O Avivalismo foi um movimento que aconteceu nos séculos XVIII e XIX quando algumas ênfases da reforma estavam se esfriando, precisamos de novo de um movimento destes, a força motivadora dos fiéis vem diminuindo gradativamente e é fácil de perceber isto: basta olhar para a grande rotatividade de pessoas nos templos cristãos, sempre rostos novos enquanto os velhos vão se ausentando desanimados com discursos que mais parecem palestras motivacionais do que a pregação do evangelho puro. Esta rotatividade é que possibilita a manutenção financeira da instituição afinal de contas neófitos nunca questionam as doutrinas nem os salários dos seus líderes espirituais.
Isto permite com que apareçam outras denominações, são mais de 3000 variações doutrinárias só dentro do movimento protestante/evangélico. A igreja hoje ao invés de procurar seguir os passos iniciados pela Igreja Primitiva se tornou uma instituição alienante com discurso meramente coercitivo e as pessoas sedentas de Deus vão encontrar este modelo errado de institucionalização da Palavra. Precisamos de reformadores, de novo!
· *Professor de história, especialista em história das religiões.

blog: http://soudamissionaria.blogspot.com/

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